segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Sombra dos Momentos Felizes

Nasci poeta para o público em 2000 nas Edições Colibri com A Sombra do Momento Feliz. Foi um acontecimento ditoso! Repleto de jogos de sombra e luz, apresentei um livro cheio de intuições, de sentimentos e hesitações – como quem se espanta com o mundo onde foi lançado. Em escalada corajosa, a tentar subir alto, ia dizendo: “Sobe à montanha/ e grita até te desfazeres no eco,/ música será,/ harmonia e paz

No prefácio repleto de esperança, Jorge Ferro Rosa aposta nessa escrita leve como pena:
Rasga-se o céu quando a poesia acontece, ao momento plácido do sentimento, pela evasão dos estados de espírito, a um ritmo efervescente, continuado por uma catadupa de sensações enquanto outras não chegam. (…) Nestas páginas a escrita acontece como a forma possível de salvação do sujeito, a redenção mais óbvia das “Sombras dos Momentos Felizes” e atrás não ficará um residual de nostalgia? O seu coração é o grande reservatório, o lugar da dor, muitas vezes oculta mas real, de sorriso nos lábios. A sensibilidade tem os seus artifícios! É este constante desejo, esta atenuada insatisfação a renovar, a possibilitar novas sensações que faz desta obra um momento poético, único.”

TINTEIROS DE VENTO
Gestos cúbicos à luz da mente
o silêncio pedra da cisterna
cai jóia líquida em tinteiro de vento.

PALAVRAS EM DEVANEIO
O papel poroso é como a mente aberta,
absorve os devaneios das palavras,
onde a sombra dos dias tem o teu nome
e a luz vem marcada de um tom feliz
como os beijos imaginados.

PARTIMOS
Partimos a louça
os ideais e as cadeias.
Partimos cada um para seu lado
pelas sete partidas do mundo...

Onde há harmonia,
um beijo sem adeus,
o abraço sem retenção,
a apreciação sem juízo ?

Tudo quisemos,
ficamos sem nada !

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